Quem sou eu?

No certo não sei quem sou neste incerto plano.
Hora penso que sou
Hora penso que estou
Hora nem penso.


Acho que o cercado que me cerca
Se aproxima, me anima
Me envolve, faz-me num molde
Molde este que não se ajusta
E fica justa minha vida


Se respiro, pago
Se vejo, cobro
Se me assusto, devolvo
Se amo, correspondo.


Injusto jogo este
Aqui que se faz, aqui que se paga!
E o depois?
E o além?
E eu?


Será que sei quem sou?
                        Vitor Hernandes


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A poesia no momento que leio faz parte de mim, compondo-me também, portanto achei importante dividir com a pessoa que lê, seguindo esta poesia que segue, quatro das minhas favoritas de quatro poetas dos quais sou fã. São eles Fernando Anitelli, Washington Fernando e os gênios Mario Quintana e Charles Chaplin:



De Ontem em Diante Fernando Anitelli

De ontem em diante serei o que sou no instante agora
Onde ontem, hoje e amanhã são a mesma coisa
Sem a idéia ilusória de que o dia, a noite e a madrugada
são coisas distintas
Separadas pelo canto de um galo velho
Eu apóstolo contigo que não sabes do evangelho
Do versículo e da profecia
Quem surgiu primeiro? o antes, o outrora, a noite ou o dia?
Minha vida inteira é meu dia inteiro
Meus dilúvios imaginários ainda faço no chuveiro!
Minha mochila de lanches?
É minha marmita requentada em banho Maria!
Minha mamadeira de leite em pó
É cerveja gelada na padaria
Meu banho no tanque?
É lavar carro com mangueira
E se antes, um pedaço de maçã
Hoje quero a fruta inteira
E da fruta tiro a polpa... da puta tiro a roupa
Da luta não me retiro
Me atiro do alto e que me atirem no peito
Da luta não me retiro...
Todo dia de manhã é nostalgia das besteiras que fizemos ontem





Sobre a Vida Charles Chaplin


Pensamos demasiadamente
Sentimos muito pouco
Necessitamos mais de humildade
Que de máquinas.
Mais de bondade e ternura
Que de inteligência.
Sem isso,
A vida se tornará violenta e 
Tudo se perderá.





VI (A Rua dos Cataventos) Mario Quintana

Na minha rua há um menininho doente.
Enquanto os outros partem para a escola,
Junto á janela, sonhadoramente,
Ele ouve o sapateiro bater sola.


Ouve Também o carpinteiro,em frente,
Que uma canção napolitana engrola.
E pouco a pouco, gradativamente,
O sofrimento que ele tem se evola...


Mas nesta rua há um operário triste :
Não canta nada na manhã sonora
E o menino nem sonha que ele existe.


Ele trabalha silenciosamente...
E está compondo este soneto agora,
Pra alminha do menino doente...





A Escolha Washington Fernando

Estou triste ou sou triste?
Estar triste é uma opção!
Ser triste é uma condição,
A qual me imponho,
por alto piedade!
Mas ainda bem que não são as únicas escolhas disponíveis!
Posso ainda estar feliz ou ser feliz!
Feliz por opção ou condição,
Tanto faz!
É tudo uma questão de escolha,
Seja ela opcional ou condicional.
Façamos nossa escolha e sigamos em frente!

E você, já fez a sua escolha?